segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quase isso

Uma vida que se lhe escapa pelo meio dos dedos. Mundos agora distantes. Apartei-me, por um tempo. Havia baixado meu Q.I, como diria Caio Fernando Abreu. Mas, mesmo assim, trouxe comigo aquela flor de plástico que lhe prometera; está cada dia mais murcha; espero que não seja a representação estética do sentimento, daquilo que não se dizia sentir: por medo, insegurança, fraqueza, sei lá.
Uma vez disse ou pensei ter dito: torno-me criança, quase infantil, quando amo. Tento ser centrado, adulto; não consigo. Expressar-me, por meio da palavra escrita, sempre foi mais fácil. As letras assim, no entanto, parecem meio vazias. Nunca li para você um poema meu.
As ideias vêm, simples, e formam frases quase belas. O problema é não praticá-las; perdem o sentido. A melancolia é algo rotineiro: taciturnas como são as pessoas que amam. Felicidade é uma ilusão, vai e vem.
Escrever deve ser uma forma de proteção, uma cortina para, entre atos, tentar esconder a desilusão. As cenas se repetem; o teatro está ficando velho, às traças. A plateia, pouco a pouco, deixa seus lugares: vai viver sua realidade mascarada.
Esse deve ser o verdadeiro palco. Quem imita quem, afinal de contas? Eu o imito, você me imita? A quem copiamos se, no fundo, todos queremos ser nós mesmos?

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