sábado, 4 de setembro de 2010

Meu silêncio

Odeio não entender o meu silêncio. Preciso dele, mas não o entendo. Ele me diz tanta coisa que não consigo assimilar. Ultimamente tem me contado que precisa mais de mim. Quer-me pleno. Diz ter anseio do mundo lá fora, acha que posso ser roubado dele. Meu silêncio é o meu amor. Às vezes ciumento, tem personalidade forte. Parece muito seguro e muito distante. Quando chego em casa, fica alvoroçado igual criança em parquinho. Pede-me para despir-me do que trago todos os dias. Gosta de ouvir sobre outros silêncios. Digo-lhe que alguns falam demais, não se contentam em apenas estar dentro dos outros, precisam tomar outros corpos, outros amantes, ter outros gritos. Meu silêncio me afirma. E eu me reafirmo nele. Em sua traição, me coloca no meu lugar, me faz vê-lo exatamente como sou, como me porto diante dos silêncios alheios. Meu silêncio, porém, não me completa; sou ele e ele é eu. Não há divisão nem troca. Meu silêncio não fala, prefere me tocar. Meu silêncio me bebe numa fonte que desconheço. Meu silêncio tem um jeito só dele de me fazer brotar um sorriso fácil, de enxergar meus poros se abrindo. Também é singular quando quer me deixar apreensivo. Às vezes se faz tão óbvio que me atormenta. Somos indivisíveis na nossa particularidade. Tenta me decifrar, e eu a ele. Meu silêncio é meu tesão, minha forma de amar o todo. Minhas palavras são meu silêncio mais alto.

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